ROLAND GRAU
( Chile )
Nas minhas andanças, durante décadas, por mais de 40 anos por países das Américas, da Europa, da África e Ásia, inclusive por longos períodos com prêmios de viagem e frequentando cursos universitários em Porto Rico, nos Estados Unidos da América, na Venezuela, no Perú, na Inglaterra, conheci muita gente e trabalhei com eles nas área científica e artística. Um desse nomes extraordinários foi Roland Grau, que se estabeleceu no Rio de Janeiro, por muitos anos, e com que desenvolvi uma longa e profunda amizade e atividade artística.
Reencontramo-nos em galerias de arte. Ele trabalhava projetando modelos de roupas especiais para mulheres, num ateliê de umas costureiras do mais alto nível, em Copacabana, para clientes privilegiadas. E também cercado por modelos para seus desenhos, retratos, muitos deles desnudos. Eu, um deles, quando ainda era menor de idade. E chegamos a criar uma escola de teatro que durou pouco tempo porque, quando veio a ditadura militar nos anos 60, eu me refugiei na Venezuela.
Ele morava num belo apartamento no morro do Cantagalo, em Copacabana, onde havia um corte para a passagem de carros para transeuntes para a Lagoa Rodrigo de Freitas, e um túnel para a zona sul do Rio de Janeiro. E ele frequentava a minha casa no Rio Comprido, muito querido pela minha mãe Aldenora. Grande figura humana.
Guardo muitos de seus cadernos com “bocetos” ou gravuras de homens e mulheres, muitos deles sem roupas, que já reproduzi muitos deles em nossa página no PORTAL DE POESIA IBERO-AMERICANA. São dos anos 50 e 60 do século passado.
Recentemente encontrei, em uma montanha de originais que conservo na Chácara Irecê, em Cocalzinho, Goiás, um caderno com os poemas que ele escreveu, manuscritos que agora estamos reproduzindo aqui para revelar o seu extraordinário talento como artista e poeta. Mas não consegui os textos biográficos.
Recentemente encontrei uma matéria sobre ele, do Chile, sua terra natal. Busquei na internet, mas não mais o localizei, apesar das insistentes tentativas. Mas confio que alguém, depois de ler este nosso trabalho reproduzindo a poesia, me enviei os dados biográficos para completar o presente trabalho. Concluindo: aqui estão as imagens dos poemas que ele me legou, repito: manuscritos, uns poucos de seus notáveis desenhos e toda a minha emoção por estar divulgando a obra deste GRANDE ARTISTA!!!
Vai aqui uma anotação que eu fiz no caderno com os poemas que vamos agora copiar abaixo e depois publicar. No texto está escrito que Roland Grau nasceu nos Estados Unidos da Améri>
“nasceu em Lunn, Mass. U.S.A., há pour mais de 20 anos, mas pode
considerar-se espanhol por tradição.
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O extremo do círculo é espaço quebrado
Ouves Senhora “Campana”?
Outra vez se enchendo
de missa o horizonte.
Agulhas de villancicos*11
Tormento Angústia Tristeza Medo Ternura
— dor.
Ao silêncio dos ruídos
de novo entrarei desnudo.
Não serve de abrigo a alma
a roupa que adere ao nome.
Outra vez a massa cinza se há de perder no bosque,
de punhais.
Essa noite é tubo estreito
por onde irão os fragmentos, fragmentados.
Quão imensa a lagoa, Saudade! Solidão.
com as ourelas amargas.
Minha Senhora Castelhana!
Aquela noite...
Tu a tens?
A tábua comprida chorando
por cento e cinquenta círios
atou as doze agonias
os quatro passos primeiros.
Senhora, eu era tão pouco...
Tu sozinha empunhaste lança.
Dois terços e tragédia de ti,
linhas de ferrocarril.
Eu, de amarrar com vinte horas
duzentos anos queimados,
com oito círculos brancos
me cravou a eternidade...
.........................................................
Para salvar o espaço, se for possível,
Senhora.
Faz;
que escute uma luz...
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Una certa gentil camisa amarilla
El aire como por mi rostro
huyendo
sorprendido
Desperté
La puerta resongó cuálquer cosa
moviendo las tres
perezosas horas de la madrugada.
Una camisa amarilla
nadando en la sombra
refugió en mi barco
se adaptó a mi forma,
con-tacto de seda en aroma de carne.
Me inundé de piel desde la boca.
El aires reclamaba su lugar
golpeando las persianas,
y sin él,
Crecía el cuerpo en color
fundiéndose es sudores mixtos,
debatiendo
naufragio de tempestades,
estaba marcado, y por señas ganara
La carta del muerto acusara
al otro que ahora vería
Tras algún bla bla bla
decidieron dar,
premio adicional para gananciosos.
Afirma el difunto, según la Camisa,
que no recordaba
aunque era posible
tener siso el
quien colgó la faja de aquel distintivo
mandando al amigo vagaor
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Chivalilladas
Está el chaval que explota
dando saltos por dentro;
y fustiga la rienda a mis ganas de cantar
Lal ra-ra-ra ra-ra-ra raaa…
lal ra-ra-ra la la laaa… al
mis — muito rrey de mooros…
Arranco de la vieja un trozo de dignidad
por la popa del moño,
tapando con la boca el cilindro caoba
en que va la cabeza de la negra Francisca.
La sonrisa vecina salta por la ventana
bailar con mi risa,
y dibujo flamencos mosaicos
con el cuerpo.
La egipcia de tijeras me enfocó
con el cabo
mascándole a la griega:
Quepatiacosinés!
Me escondo de tras la antena
y envergo la armadura
Que no me veo en gracia
si en la gracia me ven.
De tantos reventones de mi felicidad
tendré que dar la vuelta
al círculo completo,
con la percha formal.
No! Prefiero el medio círculo,
pero con los extremos
volcados para arriba.
EM PORTUGUÊS:
Garotadas
Está o garoto que explode,
dando saltos por dentro,
e fustiga a rédea a meus ímpetos de cantar.
Lal ra-ra-ra ra-ra-ra raaa...
lal ra-ra-ra la-la-la laaa... al
mis – muito reeey de mooros…
Arranco da velha um tanto de dignidade
pela popa del coque,
tapando com a boca o cilindro caoba*1
em que vai a cabeça da negra Francisca.
O sorriso vizinho salta pela janela
a bailar com meu riso,
e desenho flamengos mosaicos
com o corpo.
A egípcia de tesouras me enfocam
com o cabo
mascando para a grega:
Quepáticosinés!*2
Escondo-me detrás a antena,
e envergo armadura.
Que não me vejo em graça
se na graça me vem.
De tantas roturas de minha felicidade
terei que dar a volta
ao círculo completo,
com o cabide formal.
Não!
Prefiro o meio círculo,
mas com os extremos
voltados para cima.
* 1 árvore morena, acajú (bot.).
** 2 canção tradicional.
***
Velo un día sobre un mueble del cuarto
Copacabana en casa Rio de Janeiro
de la ciudad Brasil.
Al margen de la cima de un armario
de camas,
me crivan estertores de este día al morir.
Orbita densa-negra de los gases viciados,
ahogando postrera lágrima artificial.
La niebla en que sumerges
sale miss espejos,
y la caja redonda
no me registra de,
que colores vestimos?
Hé de admitirte sano
ya que serás difunto.
Cementerio que habla por una sola cruz.
Tendrá la misma seña otro día encarnado,
en la próxima vuelta.
Cadáver que perfumas en decomposición.
Ya no serás lo mismo…
*** EM PORTUGUÊS
Velo um dia sobre o quarto Copacabana, na casa
Rio de Janeiro, da cidade do Brasil.
À margem superior de um armário de camas
me crivam estertores deste dia a morrer.
Órbita densa-negra de gases viciados,
afagando derradeira lágrima artificial.
A névoa em que submerges
sai de meus espelhos,
e a caixa redonda
não me registra de,
que cores vestimos?
Hei de admitir-te sadio
já que serás defunto.
Cemitério que fala por uma cruz só.
Terá a mesma senha outro dia encarnado,
na próxima volta.
Cadáver que perfumas em decomposição
já não serás o mesmo...
Pintura de Roland Grau, dos anos 1950, na parede do apartamento de Maria da Graça Miranda da Silva
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Página publicada em junho de 1023
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